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Gazeta do Povo | Futuro incerto ronda a segurança

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Henry Milleo/ Gazeta do PovoInstalação da sétima UPS no Paraná traz à tona debate sobre a eficácia de modelos de combate ao crime importados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde a criminalidade voltou a aumentar

Fonte: Gazeta do Povo, por  Rodrigo Batista, especial para Gazeta do Povo

A operação para implantação da sétima Unidade Paraná Seguro (UPS) de Curitiba, ontem, no Sítio Cercado, ocorre no momento em que os modelos de combate à criminalidade que inspiraram a iniciativa paranaense têm sofrido desgaste nos seus locais de origem. A principal estratégia do governo do estado para reduzir o alto índice de criminalidade que atinge o Paraná se espelha na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio de Janeiro, que em julho sofreu um atentado que matou uma policial militar, o primeiro relacionado àquele tipo de ocupação. O Paraná também aperfeiçoou serviços de inteligência das polícias Civil e Militar, como fez São Paulo.

As recentes estatísticas de violência nos estados que serviram de exemplo de combate ao crime esquentam a discussão: se entre 2000 e 2010, o estado de São Paulo teve queda expressiva na criminalidade, os índices voltaram a crescer com o aumento de 8,3% nos homicídios no primeiro semestre de 2012, em comparação com o mesmo período de 2011. No Rio de Janeiro, a Baixada Fluminense viu o número de mortes no mesmo período reduzir apenas 5%, contra uma queda de 14% na capital, onde foram instaladas as unidades pacificadoras. No último semestre a capital registrou 650 homicídios, enquanto a Baixa Fluminense teve 680 mortes.

Razões

Segundo o sociólogo Cezar Bueno de Lima, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a escalada da violência em São Paulo é reflexo da violência policial. “A polícia em São Paulo é considerada uma das mais violentas do mundo por entidades internacionais. O modelo de segurança do medo, da repressão e da morte não coaduna com o regime democrático”, diz.

No caso do Rio de Janeiro, segundo o professor e pesquisador do curso de Segurança Pública da Universidade Cató­lica de Brasília (UCB) Nelson Gonçalves de Souza, a implantação de medidas em grandes centros urbanos é seguida pela migração do crime para áreas metropolitanas e interior. “Os negócios do crime têm de continuar em movimento, por este motivo os criminosos migram para regiões não atendidas pelo estado”, diz ele, que também associa a escalada da violência naqueles estados como reflexo da maior repressão ao crime.

Recomendações

De acordo com especialistas, ainda é cedo para fazer projeções sobre o futuro da segurança pública no estado. Mesmo assim, eles apontam algumas diretrizes que o Paraná pode utilizar para não passar pelos erros cometidos por outros estados. Na opinião do pesquisador Nelson Gonçalves de Souza, o primeiro passo é não esmorecer o combate ao crime, e investir na implantação de tecnologias da informação para a vigilância policial – como câmeras de segurança – em locais e horários em que a corporação não está presente o dia todo.

Intensificar a aproximação dos policiais militares com a população, tanto nas UPPs quanto nas UPSs, é um ponto crucial defendido pelo sociólogo Cezar Bueno de Lima para evitar que policiais sofram com a criminalidade.

Procurada pela reportagem, a Sesp informou que os policiais são preparados antes da instalação das UPSs para que haja interação com a população local e para evitar que PMs sejam alvos do crimes. Sobre a escalada de violência em São Paulo, a Sesp informa que não iria comentar hipóteses e que a realidade paranaense é diferente da de outros estados.

Drogas são maior problema na vila

Além da rotina de assaltos na região, os moradores do Osternack reclamam do tráfico de drogas. Segundo a comerciante Hilda do Carmo Eli, moradora na região há 19 anos, a praça da vila fica tomada por usuários. Com isso, segundo ela, a insegurança aumenta. “Tento manter boa relação com todos para não sofrer represálias”, comenta.

Uma moradora da região, que não quis se identificar com medo dos traficantes, conta que o filho dela, de 24 anos, é usuário de drogas. Por causa do tráfico, em fevereiro o rapaz desapareceu da vila e foi encontrado com sinais de espancamento em Guaratuba, no Litoral do Paraná. Desde aquele mês, conta a mãe, o rapaz está em tratamento para se recuperar das fraturas e das drogas. A moradora espera que agora a segurança melhore e a paz retorne à região, mas diz que faltam programas de combate às drogas e assistência aos familiares dos usuários na região.

Para inibir a ação de traricantes, o secretário de Segurança Pública do Paraná, Reinaldo de Almeida César, diz que a vila ganhará uma central de monitoramento por vídeo. O mesmo deve ocorrer nas demais UPSs.

Instalação

UPS vai combater alta criminalidade do Sítio Cercado

Quatro anos após receber o projeto de policiamento comunitário, o programa Segurança Social, a Vila Osternack, no bairro Sítio Cercado, vai receber a implantação da sétima Unidade Paraná Seguro (UPS) de Curitiba.

A vila tem cerca de 5 mil habitantes. Todo o bairro concentra 6,6% da população de Curitiba, 8,5% dos homicídios dolosos e 4,7% dos furtos e roubos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) as operações da UPS devem se estender também para as comunidades adjacentes, como as vilas Santa Inês e Regina, algumas delas no bairro Ganchinho. Para o congelamento da área, a Polícia Civil realizou em julho a Operação Liberdade na região e prendeu 37 pessoas por tráfico de drogas e identificou seis homicidas.

De acordo com o comandante das operações na UPS do Osternack, tenente-coronel Carlos Sussumo Ota, a instalação física da unidade será feita na segunda-feira, após avaliações da Sesp com base nas operações das forças de segurança. A base da UPS ficará na Rua Eduardo Pinto da Rocha, nas proximidades da estação-tubo Osternack.

Comunitário

Antes da instalação do projeto Segurança Social, no fim da década de 2000, a região apresentava altas taxas de homicídios, que chegavam a 10 casos por mês, com picos de 14. O projeto fez os índices caírem para um por mês nos dois primeiros anos de trabalho, segundo a PM. Almeida César diz que, mesmo com o projeto, a instalação da UPS se fez necessária por causa dos índices de violência em todo Sítio Cercado. Um dos objetivos, segundo o secretário, é a implantação de trabalhos comunitários que envolvam as forças de segurança e a iniciativa privada.

Insegurança

Segundo moradores, ultimamente a região vinha passando por falta de policiamento. O aposentado Raimundo Lago, morador da vila desde 2009, diz que a insegurança é grande. “Eu nem saio à noite por causa dos assaltos”. O também aposentado João Serrano, que vive na vila há 15 anos, reclama do policiamento ausente. “Tem lugar aqui que é freguês de assalto”.

Migração

A implantação de medidas de ocupação em grandes centros urbanos é seguida pela migração do crime para áreas metropolitanas e interior, segundo o professor e pesquisador do curso de Segurança Pública da Universidade Católica de Brasília (UCB) Nelson Gonçalves de Souza. “No caso das UPPs do Rio de Janeiro, uma análise prévia mostra que os líderes do crime precisam manter os ‘negócios’ em movimento e por isso migram para regiões não atendidas pelo Estado.

2.183 óbitos

Foram registrados em São Paulo no 1º semestre de 2012, contra 2.014 mortes no mesmo período em 2011. Neste ano, no Rio, houve 650 homicídios. Na Baixada Fluminense, 680.


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